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Diário do Kilimanjaro #6: estrutura do acampamento durante a expedição

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Antes de ir pro Kilimanjaro, eu nunca tinha acampado. Repito: nunca! Nunca havia dormido em barraca, nunca tinha sequer entrado em um saco de dormir, nunca tinha ficado “no meio do nada”. E isso foi uma das razões pelas quais eu adiei essa viagem por alguns anos. Apesar de eu querer muito encarar o desafio, eu tinha mega preguiça quando pensava que teria que acampar. Então, esse post é pra você, que como eu prefere um hotel bacaninha, mas que tem aquele espírito aventureiro despertando e vencendo a vontade de comodidade o tempo inteiro.

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Por do sol no acampamento Kikelewa, onde passamos a segunda noite

Nós dormimos em acampamento por 6 noites em 5 campings, sendo que 2 noites foram no mesmo lugar e uma noite apenas descansamos algumas horas antes do avanço ao cume. No Kilimanjaro você não pode acampar em qualquer lugar, é obrigatório “assentar” nas regiões determinadas, que os guias conhecem. Todos esses campings funcionam da mesma maneira: vai chegando, vai ocupando. Ou seja, há o risco da sua expedição chegar e já ter gente lá, então quem chega depois precisa se virar com o espaço que ainda está disponível.

No nosso caso, não dividimos o camping com ninguém na primeira noite. Na segunda noite tinha uma outra expedição muito pequena, e o camping era grande o suficiente para ficarmos bem afastados. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes. No camping de base para o cume só tinha a gente, e no último, já fazendo o caminho de volta, tinha mais gente, mas também era enorme. Ou seja, é pouquíssimo provável que a sua expedição fique sem espaço. E os guias já fazem isso há anos, sabem como dispor as barracas para melhor aproveitar os espaços e sabem o que fazer caso esteja lotado. 

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Essas são as duffle bags, que são levadas pelos carregadores. A primeira coisa que tínhamos que fazer de manhã era deixá-las prontas, fechadas, para serem levadas pro próximo acampamento. Na nossa mochila pessoal levamos apenas o que precisamos usar na trilha.

Barracas:

Na nossa expedição, cada barraca era ocupada por 2 pessoas. Quem vai sozinho e quer uma barraca inteira, precisa pagar uma taxa. Dentro da barraca sempre tinham 2 colchonetes (eu achava que não teria nada e levei daqueles colchonetes infláveis que acabei não usando, virou peso extra, então verifique com a sua agência se você deve ou não levar), e o espaço tinha que ser milimetricamente organizado. Colocávamos as duffle bags (que são as malas levadas pelos carregadores, onde ficam as coisas que só precisamos acessar de manhã e a noite) nas laterais e nossos sacos de dormir no meio. Dessa forma, criávamos uma “barreira” e não ficamos junto a “parede”, que fica gelada durante a noite. E ficar um encostadinho no outro dentro da barraca também ajuda a combater o frio!

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Acampamento da terceira e quarta noites, a 4300 metros de altura. As tendinhas amarelas no fundo são os banheiros portáteis. A tenda amarela na direita é a barraca refeitório. 
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Acampamento a 4700 metros de altura, onde não chegamos a passar a noite, apenas descansamos algumas horas antes do avanço para o cume

As barracas ficam bem do lado uma das outras: você escuta todos os barulhos dos seus vizinhos. Portanto, quem tem sono leve, é aconselhável levar tampão pra orelha. Você escuta roncos, conversas e o barulho do zíper da barraca abrindo e fechando durante toda noite, quando a galera vai no banheiro. 

Banheiro:

Falando em banheiro… vou contar tudinho, porque sei que essa é uma grande preocupação da galera. Minha expedição tinha 4 tendas de banheiro. A “privada” lembra muito uma privada normal, que temos em casa. Mas é claro, não tem esgoto. Então você faz o que tem que fazer, aí puxa uma tampa, a qual abre um fundo falso, e as necessidades ficam armazenadas nesse fundo. E então você fecha a tampa. Tinha uma pessoa na nossa equipe de apoio apenas dedicada a limpar os banheiros, mas mesmo assim, o cheiro fica forte muito rápido, porque tudo fica nesse fundo, que é pequeno. Esses banheiros portáteis eram bons assim que chegávamos no acampamento e eles estavam limpinhos (a equipe de apoio sempre chegava na nossa frente e tudo estava pronto pra aguardar a gente), mas depois de algumas horas eu achava insuportável. O que fazer então?

Pra fazer xixi, eu procurava um matinho. Todo mundo perde a vergonha logo no primeiro dia, e as meninas acabam se ajudando muito. eu sempre ia com alguma amiga procurar um cantinho reservado, e uma esperava a outra. Mas pra fazer cocô? É proibido fazer número 2 no entorno dos campings (você pode fazer na trilha, até porque não dá pra ficar segurando as necessidades. Pare e vá fazer! Mas leve um saquinho de lixo com você pra colocar o papel, que você então coloca no lixo quando chegar no acampamento. Não enterre o papel/lencinho umedecido!!!!). A boa notícia é que todos os campings, todos, tem uma fossa séptica. Uma casinha de madeira com um buraco, onde você acocora, faz o que tem que fazer, que vai parar láááá embaixo. Você também pode jogar o papel nesse buraco. O cheiro é desagradável, mas eu achava o dos banheiros portáteis muito pior. Essas casinhas com fossa tem ventilação em cima (um vão entre as paredes e o teto), e no fim das contas a maior parte das pessoas acaba optando por elas. A dica é: leve um pote de vick vaporub e coloque um pouco nas narinas e no bigode antes de ir. Pronto, você não vai sentir cheiro nenhum. 

A noite, a gente acordava muito pra fazer xixi, porque estávamos tomando Diamox, um diurético que ajuda a prevenir mal de altitude (mais sobre isso em outro post). Na primeira noite eu levantei e fui no banheiro portátil duas vezes, e o meu marido fez em uma garrafa (pee bottle), dentro da barraca mesmo. No dia seguinte conversei com as meninas e quase todas elas tinham um jeito de tambem fazer na barraca e não ter que sair da barraca (que é um porre): leve um pote plástico e um funil (como eu não tinha funil, cortei uma garrafa PET e usei o topo dela, que deu na mesma) e pronto! Eu deixava tudo prontinho na parte “externa” da barraca, que chamamos de “avancé”. É uma área deparada da parte onde dormimos, mas ainda coberta, ninguém de fora vê. Aí, de manhã, é só levar o pote (e os homens, as garrafas) e jogar o xixi no mato. 

Refeitório:

A barraca refeitório era onde fazíamos todas as refeições. É esperado que todo mundo sente junto para tomar café da manhã, almoçar e jantar. Ela é mais uma tenda do que uma barraca, e também podíamos ir pra lá fora do horário das refeições, pois sempre tinha água quente na térmica, café, chá e chocolate quente. Era o momento de confraternização, sempre com uma atmosfera ótima.

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A equipe da cozinha, começando a servir uma das refeições
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Dentro da barraca refeitório

Todas as refeições são preparadas em outra tenda, onde funciona uma cozinha. Comemos muito bem todos os dias, pois a cada 2 ou 3 dias subia um carregamento com ingredientes frescos. O cozinheiro era maravilhoso! Sempre tinha sopa de entrada (e podia repetir várias vezes) e o prato principal variava muito: carne, peixe, frango, batatas, arroz, vegetais. Tudo muito bem feito. Eles carregam botijão de gás para todos os acampamentos, a estrutura é incrível. 

Banho:

Esquece. Banho é de lencinho umedecido. E como o ar vai ficando cada vez mais seco, você não se sente sujo. Mesmo que tenha suado no trekking do dia. O lencinho aguenta bem o tranco. E como lavamos as mãos e o rosto (veja abaixo), n#ao fica aquele “nhaca” a vista. A nossa agência, a Morgado Expedições, oferece um dia de “banho”, que nada mais é do que um balde de água quente e caneca. Foi gostoso tomar esse banho de caneca, mas pra ser honesta, nem precisaria. 

Levei shampoo seco pro cabelo, que adiantou bastante. E é claro, desodorante e calcinha/cueca limpas todos os dias, pra dar aquela sensação de limpeza ; )

Água:

Tinha uma pessoa designada para o fornecimento de água. A água vem de riachos no Kilimanjaro, e precisa ser tratada. Em algumas expedições eles fervem essa água e distribuem logo de manhã os 4 litros que você tem que beber. Na nossa expedição funcionava de outra maneira: a água era bombeada e passava por um purificador. Então enchíamos o cantil de manhã, antes de sair. Tínhamos que tomar 1 litro na parte da manhã, antes do almoço. Aí na hora do almoço enchíamos de novo pra tomar mais 1 litro a tarde. O terceiro litro era tomado durante a noite ou antes de dormir, e o quarto litro vinha das sopas, frutas, café e chá que tomávamos ao longo do dia (é importantíssimo tomar os 4 litros para evitar dor de cabeça). Nosso chefe de expedição, o Manoel, nos instruiu a ficar de olho na cor do xixi: tinha que ser transparente. Se ficasse amarelado, tinha que tomar mais água. 

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Muba, o responsável por filtrar a água para os cantis e também pela água para lavar as mãos e escovar os dentes. Um cara de coração gigante.
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O glamour das manhãs

Também tínhamos água quente para lavar o rosto de manhã (todo mundo ganhava uma pequena bacia, na porta da barraca), lavar as mãos e escovar os dentes. O fornecimento de agua foi impecável. Nos primeiros dias a gente até uso a lanterna com luz UV para fazer uma purificação extra, mas logo paramos. Todo mundo usou da mesma água, e o bombeamento no purificador funcionou bem. 

Vida social:

Pra vocês terem uma ideia de como os dias são cheios, eu não li meu livro nenhum dia enquanto estávamos em expedição. Mesmo nos dias que tínhamos a tarde livre, pra ajudar na aclimatação, acabava na barraca refeitório batendo papo com os amigos. É esperado que você socialize, e olha, é muito mais legal estar com as outras pessoas do que sozinho na barraca, lendo. Os horários pra dormir são respeitados, todo mundo vai pra cama mesmo que esteja sem sono. Uma ou outra pessoa acordava antes do horário combinado, e eu detestava quando faziam barulho. Se eu acordava antes do horário combinado, começava a arrumar minhas coisas dentro da barraca: guardar saco de dormir, arrumar mochilas para o dia, etc.

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Socializando fora da barraca refeitório, a 4300 metros de altura.

A questão é: você está ali viajando com um monte de gente que não conhecia. Dá um medo sim, afinal, é muita intimidade de uma vez só. Mas todos estão lá com o mesmo objetivo, e é muito bacana trocar ideias. Eu fiz grandes amizades nessa viagem que vou levar pra minha vida. 

Equipe de apoio:

Você não viaja apenas com a turma que está lá pra chegar no cume do Kilimanjaro. Você viaja com uma equipe imensa de carregadores, guias (um guia para cada 2 ou 3 pessoas, eles se espalham no grupo durante o trekking), e apoio de camping, como os cozinheiros, a pessoa da água e o que limpa os banheiros.  Eles também dormem em barracas (em tendas comunitárias,  alguns dormem em barracas como as nossas, eu não sei qual é o critério), e carregam as coisas deles. Ou seja, a expedição é uma mini cidade!

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A equipe de guias estava com a gente em todos os trekkings. Nossos anjos da guarda. Ninguém fica sem um guia por perto, e se você precisa parar, um deles para junto e te espera. Ninguém fica último da fila, sempre um guia que fecha a expedição.
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Um dos carregadores fazendo uma pausa no trekking (ele pegou as bexigas da barraca refeitório – teve comemoração de aniversário na noite anterior – e colocou na mochila!). Reparem no saco ao lado esquerdo, é uma das duffle bags.

Eles são muito rápidos: saem depois de nós, nos ultrapassam no trekking (é impressionante como eles carregam as coisas na cabeça, no pescoço) e quando chegamos no próximo camping já está tudo montado. Nossa equipe, da Everlasting Tanzania, foi extraordinária. Sem eles, o Kilimanjaro não acontece. Eles trabalham duro, são calorosos e animadíssimos. Quase todos os dias tivemos cantoria e dança na saída e na chegada. É muito emocionante. 

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Cantando e dançando com a equipe aos pés do Kilimanjaro. Momentos emocionantes!

Somos instruídos a levar dinheiro extra para dar caixinha para a equipe de apoio, no fim da expedição. A gente pode até achar essa solicitação estranha a princípio, mas no final você começa a achar que está dando pouco. Eles ganham aproximadamente 10 dólares por dia (há uma hierarquia, carregadores ganham menos, guias ganham mais), e a caixinha acaba dobrando o salário deles. Todo mundo contribuiu com a caixinha comunitária, que é dividida entre toda a equipe, mas também acabamos dando caixinha individual (cada pessoa dá pra quem quiser, nós por exemplo demos para o Muba, que era o cara que cuidava da água, nos afeiçoamos muito a ele). Muita gente deu a caixinha individual, mas isso vai de cada um. 

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Sem eles, não tem sonho realizado

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Heloisa Righettohttp://www.aprendizdeviajante.com
Heloisa Righetto mora em Londres desde 2008 e é autora do Guia de Londres - Para Iniciantes e Iniciados. Escreve o blog www.helorighetto.com desde 2003. Siga @helorighetto no Twitter e no Instagram @helorighetto e no Google Plus + Heloisa Righetto

15 COMENTÁRIOS

  1. Eu to AMANDO essa série, Helô! Eis aí uma viagem q adio, mas um dia quero fazer. E conta depois sobre a historia de tomar o Diamox pro mal de altitude? Era o remédio que eu tava tomando para a HIC esse ano e foi todo um perrengue para mim toma-lo.

  2. Agora você já tá ficando de sacanagem, Helô. Tá cada dia melhor, pô! hahaha
    <3
    Imagino o quanto se aprende vivendo quase uma semana nesse "desapego" com a parte de banheiro, e como se dá valor às pequenas-grandes coisas que temos em casa, né?

    Agora, o que é essa foto das mãos? MORRI!
    O fim desse post foi de levantar e bater palmas. Sassinhora, que trabalho incrível você tá fazendo!!

    Acho que essa viagem merece um livro, amiga. <3 Faz financiamento coletivo que eu banco tudo sozinha. hahaha
    Sério, parabéns, parabéns, parabéns. A admiração cresce cada dia mais!
    :*

    • ahahahhahahaha vou dar print nesse comentário hein? vc vai ser minha publisher <3 muito obrigada Ná, caraca, ce nao tem noção como eu me encho deorgulho lendo seus elogios, pq te admiro pacas!!!

  3. Mais um post maravilhoso, Helo!!! Eu acampava quando era criança e lembro do ritual banheiro, quero ver como vai ser pra mim encarar “depois de grande” ahaha
    Uma coisa que não sei se entendi direito: os funcionários ganham apenas 10 dólares por dia?!?! O_O Chocada!!!

  4. Nossa Helô, estou com lágrimas nos olhos! Que post emocionante! Me senti perto de toda essa galera, parabéns!! Que lição de espírito de grupo, de apoio mútuo, o verdadeiro uma mão lava a outra. São experiências assim que me fazem acreditar na humanidade! Se já tinha vontade de embarcar nessa aventura, lendo teus posts só estou reafirmando essa vontade! Vai acontecer! Bjs e parabéns pela série de posts!!

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